domingo, 23 de fevereiro de 2014

beira-mar



















 estar longe dos meus braços
que são os teus;
o perfume a maresia 
junto à costa da tua pele

o mar habita nas córneas 
da tua saudade, como ver partir
um barco para a guerra.
não pude despedir-me da tua boca
         - meu vício.

Ir. 

o estranho pesar do corpo carregando as malas, olhar para trás e verificar que se trouxe tudo.
não falta nada e tudo falta. fechar a porta, 
dias que não serão mais que porção de tempo amarrotada e deitada ao cesto dos papéis. tensão e frio.

meu amor,
vejo a neblina à beira-mar 
quando te transformas em madrugadas quentes;
fumegantes.
o areal dos nossos corpos são
vistas desertas;
delitos salgados,
a fome com que devoramos as algas do tempo 
             - e o tempo voa como uma gaivota.
há dias em que me sinto mais só.

na alvorada
olho o sol que nasce;
de súbito reencontro o âmbar
dos teus olhos que me despedaçam.
sem querer, um tronco chega à praia;
sou eu,
no dia em que te retorno. 

iolanda oliveira