quinta-feira, 5 de junho de 2014

quando amanhece, já não sei quem sou


















Parece que ando a dormir com os lobos, 
tudo não faz sentido, fecho os olhos
sinto-me tão pequena, a lua
cheia de crateras e mares e oceanos
                                          não interessa. 

Desaprendi de chorar quando soltei o primeiro uivo
nas àrvores que tinham buracos nos troncos
como nós. 

A saliva escorre das nossas bocas.
desaprendi de mim quando me escrevi em pedra
as promessas que faziam sentido
e tudo agora
                                          não faz. 

A neve gira e gira e gira em torno dos nossos flancos
quando arrefecemos 
e escutamos o som do tempo a passar nos nossos pulsos
dois corações
e meia vida.

Uivas à lua como se ela brilhasse em mim
é tarde quando se solta a tua besta e te rasga o ar
há algo que se dissipa da tua natureza.

Não tenho medo.
guardei os anos dentro de um poço
quando nada fazia sentido e agora tudo
                                          não faz.

iolanda oliveira

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