Talvez se o meu cabelo cortasse o ar
delicadamente num rodopio- em passos de anjo e pequenos voos, braços
arqueados como asas e pés descalços- soubesse eu dançar como aves- e
cobriria os meus olhos de sombras para que os visses também, a eles,
dançar. Talvez se os meus modos fossem mais delicados, como perfume de
framboesa num jardim de inverno e com ponta dos meus dedos te
encontrasse amor, pousando no chão do meu salto de mariposa em chamas,
com a ponta dos dedos te derretesse a pele, qual neve. Encontrasse eu o
segredo de tal beleza, não fosse eu mulher das palavras, e reproduzir em
perfeição cada um desses gestos, e, exclamo suspiros, oh, oh...
pudesse. Talvez pudesses também tu, gostar de mim.
Iolanda Oliveira
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